quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

24. A Sombra do vento

"A Sombra do vento" foi o único livro mais recente que li este ano. Escrito pelo espanhol Carlos Ruiz Zafón, é uma leitura fácil, fluida, que vendeu milhões de cópias em todo mundo. Tem muitos elementos típicos dos atuais best-sellers. Embora a temática seja absolutamente diversa, notei em muitos momentos uma identidade com o "O caçador de pipas", por exemplo, o que parece sugerir que alguns autores seguem um check-list na hora de escrever, uma fórmula que sabidamente faz o livro vender.

Bem, eu poderia ficar citando um sem número de retrições, mas acho que até o Alexandre Dumas deve ter começado escrevendo coisas limitadas, então prefiro falar das surpresas boas. De tudo, o que me chamou mais a atenção foi a relação que o jovem Daniel Sempere estabelece com um livro de autor desconhecido e que vendeu pouquíssimos exemplares.

Acho que mexeu comigo porque tenho um livro assim na minha vida. Chama-se "The night cometh".

É de um autor chamado Eugene O'Donnel, sobre quem já procurei informações, diversas vezes, na internet. Todas em vão*. Tudo o que encontrei, até hoje, foram duas referências em sebos londrinos. Dificulta a busca no google os fato de haver um livro de mesmo nome no mercado e uma celebridade com o mesmo nome do autor, um esportista ou coisa parecida.

Encontrei esse livro em um sebo, o único no bairro de Campo Grande, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro (que, na época, nem livrarias tinha. Não sei como está a situação hoje). Comprei porque estava estudando inglês e os livros em língua estrangeira estavam custando um real somente. Era um livro velho, de bolso, com páginas amareladas e poeirentas e uma capa quase caindo. Meu domínio da língua na época era tão limitado que sequer compreendia o título. Tudo isso já vai dando um ar pitoresco à experiência.

O livro errou algum tempo na minha vida-estante, até que, cerca de dois ou três anos depois de comprá-lo, finalmente consegui lê-lo. Era o ano de 2006 e eu havia decidido ler um livro em inglês por mês para manter o conhecimento do idioma. Achei que seria só mais uma leitura. Estava enganada. Foi um dos livros mais chocantes e mais envolventes que já li.

Meu marido tem me incentivado a traduzi-lo. Talvez eu faça, mesmo que nunca venha a ser publicado. Só pelo simples prazer de poder manter viva a memória desse autor abandonado, como Daniel fez com Julián Carax.

Bem, acho que no fim das contas falei mais do "The night cometh" que sobre "A Sombra do vento", mas afinal, não estou escrevendo orelha de livros, trata-se somente das minhas modestas impressões de leitura...

*Post Scriptum/05/01/2010 - Eu não estava procurando direito... fuçando mais uma vez no google, eis que encontro um trecho de uma resenha do livro no site http://www.jstor.org/pss/40114994 e também o livro à venda no e-bay;

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