segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

5. História da imprensa no Brasil

Eis que veio uma leitura que há muito eu desejava fazer e que julguei que me ajudaria a não ler tantos romances, me concentrando mais em obras técnicas-históricas ou coisa que o valha. Verdadeiro divisor de águas na minha compreensão do Brasil, do Mundo e do ser humano de modo geral foi a leitura de História da Imprensa no Brasil, de Nelson Werneck Sodré. Sinceramente, me emociono só de lembrar.

Não há como não se encantar com as descrições nada imparciais, porém honestas, que Sodré faz dos que admira e dos que despreza. O modo como elogia um jornalista como João Soares Lisboa e detona outros personagens da nossa história que no seu entender “foram a Lisboa somente alisar os bancos de escola sem voltar mais sábios por conta disso”... A linguagem mais desabrida, sem esse ar chapa-branca que tudo o que lemos hoje parece ter (principalmente nossos jornais), a coragem de dizer certas coisas sobre a imprensa brasileira (e vemos aí que quando um jornal ataca o outro é sempre o roto falando do esfarrapado...) tornaram esse livro a minha bíblia. Não é à toa que é uma publicação de uma editora mais desconhecida, a Mauad. Duvido que as grandes tivessem coragem de editá-lo.

Foi a partir dessa leitura que tomei a ideia de estudar a história do meu país pelas biografias, caminho que me pareceu menos espinhoso que o de reler livros de história, embora deva reconhecer que o “História Concisa do Brasil”, de Boris Fausto, tenha me ajudado a acompanhar a leitura de Sodré, que é feita para quem tem a vivo na memória os fatos mais marcantes da nossa história – o que deveria ser uma obrigação moral e cívica de todo brasileiro que tenha alisado os tais bancos de escola, mas que infelizmente não é a realidade nem daqueles que têm curso superior completo e boas intenções, como eu...

O modo como Sodré descreve as verdadeiras revoluções que nós vivemos como nação mexeu comigo profundamente. Aqueles capítulos da história que até então eu não dava grande importância porque mais pareciam verbetes a serem decorados para fazer vestibular (“cite e explique duas rebeliões do período regencial...” blarg) se revestiram de um interesse tal que me vi adquirindo livros específicos sobre cada um deles para um estudo mais aprofundado. Sodré me fez ter paixão pela história deste povo que não corresponde ao mito do brasileiro pacífico e ordeiro. Foi aí que comecei a voltar a estudar a história do país, pelo viés das biografias, e voltar aos grandes autores brasileiros, todos ou quase todos jornalistas.

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