Esbarrei com este livro nas estantes da minha querida tia Léia quando havia acabado de fraturar um dedo do pé num acidente doméstico. Imobilizada, logo no primeiro dia passei da metade. Até então nunca havia lido nada de Raduan Nassar.
Gostei do estilo do autor, mas fiquei meio decepcionada com a trama em si.
Raduan Nassar tem o dom da palavra; embora o texto seja rico em adjetivos e advérbios, cada palavra parece ter sido muito bem calculada, cada expressão tem significado preciso, cada termo tem um papel a cumprir. Parece poesia em prosa. É bem diferente de "A Sombra do Vento", por exemplo, cujas páginas exigem um pouco de esforço para quem não tem muita paciência para lero-lero, pois Zafón é meio palavroso, muitas vezes usa as palavras de modo menos informativo que decorativo. Nassar consegue conciliar as duas coisas. Tem um quê de Clarice Lispector, de deixar o leitor encafifado, "foi isso mesmo o que eu entendi?", "Foi". "Ou talvez".
Quanto à trama... aí achei meio sem graça. Bateu uma sensação similar àquela que tive quando da leitura de "Complexo de Portnoy", de Philip Roth, de que certos temas podem ter sido surpreendentes trinta anos atrás, mas hoje, não escandalizam os 'mudernos'. Vide os aplausos para o filme "Do Começo ao Fim", de Aloizio Abranches.
Mas não faz mal, fiquei com vontade de ler mais livros de Nassar só pelo modo como ele explora a língua portuguesa.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
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Eu não li o livro, mas vi o filme - que utilizou o texto do livro ipsis litteris, o que não deixa de ser uma experiência curiosa. E gostei muito. Seria legal você assistir até pra avaliar a versão cinematográfica também.
ResponderExcluirValeu pela dica. Vi que o filme chegou a ser vendido lá fora, na França e na Alemanha, o que é relativamente incomum na vida de uma produção cinematográfica brasileira. A trilha sonora parece que é muito boa! Vou assistir, sim.
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