A primeira leitura começada e terminada em 2009 foi um livro de contos de Voltaire, que incluía todas aquelas histórias do sábio Zadig, o livro “Cândido” e outros em que o filósofo já não estava mais tão otimista assim...
Quanto tempo perdi sem ler Voltaire! Tenho até vergonha. Como alguém pode ter tanta maestria na pena? Tanta inteligência casada com tanto bom humor, aquele humor picaresco que eu tanto gosto, aquele dizer sutil, que se faz sentir no estilo, na sinuosidade das frases, na discreta ironia da palavra exata.
É bem verdade que a tradução por Mário Quintana deve ter colaborado para tornar ainda mais saborosa essa leitura, do mesmo modo como Machado de Assis imprimiu cores especiais a “Trabalhadores do Mar” (lembro que já na primeira página desse livro pensei: “estranho, parece que estou lendo Machado”, intuição confirmada com um passar de olhos na folha de rosto).
Alguns contos, particularmente "O Homem de quarenta escudos", são de uma mordacidade cativante. Neles se pode notar o olhar clínico do filósofo sobre a França de então. Fico me perguntando se há escritores brasileiros, hoje, capazes de lançar um olhar tão global sobre a realidade brasileira, falar de questões altamente técnicas com tanto tirocínio.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
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