Uma das minhas "falhas" de leitura, por assim dizer, é não ter lido muita coisa de João Ubaldo Ribeiro além de sua coluna no jornal "O Globo". Comecei a corrigir essa lacuna com a leitura do curtinho "Sargento Getúlio", e não me decepcionei.
No início, confesso, até olhei de viés. Diante da linguagem marcadamente caboclo-sertaneja, pensei "ora, mas depois de 'Grande Sertão: Veredas', isso não é novidade". Ledo engano. Além de aprofundar a exploração desse recurso com bastante maestria, João Ubaldo consegue nos fazer entrar na cabeça do Sargento Getúlio, que nada mais é que um jagunço.
Centrada num confuso monólogo, a história alterna momentos em que chegamos a fazer nossa a lógica do protagonista com outros de imediato desprezo por ele. Se num trecho nos vemos diante das gentes que pertencem a um mundo absolutamente distante do nosso, e por isso mesmo, curiso e interessante, noutro nos lembramos que, no fundo, nós queremos mesmo é distância dessas gentes e de suas realidades brutais.
Um misto de afeição e repugnância, por assim dizer.
O final conseguiu me surpreender.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
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